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Verbos & Substantivos, Derivação Imprópria, Infinitivo

  • fabiaraujoletras
  • 15 de out. de 2015
  • 3 min de leitura

Continuando a conversa da postagem anterior, onde falamos sobre o lado substantivo da vida, citei um verbo criado pelo cantor e compositor Djavan, "caetanear". O que significa?

Se você conhece a música popular brasileira, ainda que superficialmente, já deve ter ouvido falar do também cantor e compositor Caetano Veloso. O substantivo próprio "Caetano", foi convertido em verbo. Uma bela homenagem, já que o verso "caetanear o que há de bom" significa pegar o que há de bom (no mundo, na vida, enfim em qualquer lugar) e traduzir isso em luz, em criação, arte, tal qual Caetano. Uma palavra deriva de outra: isso é o que chamamos de derivação em Gramática. Nada mais simples!

Há também uma coisa em especial que a gente pode aprender com isso: verbos e substantivos possuem uma ligação muito próxima. Verbos que derivam de substantivos e substantivos que derivam de verbo existem aos montes. E por que?

Ontem falávamos a respeito de substantivos, coisas, seres e substâncias. Mas alguma coisa precisa agitar esse mundo, enchê-lo de vida. É aí que entram os verbos!

Isso me faz lembrar logo da famosa frase que inicia o "Gênesis", primeiro livro da Bíblia cristã e hebraica: "No princípio era o Verbo". Sem o verbo, portanto, não há vida, não há movimento, não há ação, apenas seres e coisas sendo e existindo! É por isso que substantivos e verbos precisam tanto um do outro. Sem o verbo, o substantivo é apenas matéria inerte; sem os substantivos, os verbos são apenas intenções que não podem se concretizar. Lindo, não é?

Há uma outra coisa interessante em nossa língua, que é o costume de usar o verbo no infinitivo como se fosse um substantivo. E o que é o infinitivo do verbo? É o nome dele, oras! Sim, os verbos também possuem um nome. Veja, acabei de utilizar a palavra "possuem". Qual o nome desse verbo, através do qual eu posso localizá-lo no dicionário? "Possuir", certo? É o verbo em sua forma impessoal e atemporal, ou seja, dotada de substância ou essência.

Você já deve ter lido ou ouvido por aí os verbos sendo usados dessa maneira, como se fossem substantivos: "este caminhar pesado", "um falar arrastado", "ao cair da tarde". Esses são alguns exemplos e a Gramática chama essa "troca" de classe gramatical de "derivação imprópria".

Pouco a pouco, vamos percebendo que eles, substância e ação, espaço e tempo, são as estrelas de nossa língua e da maneira como organizamos o mundo racionalmente. Mas sabe o que eu acho mais legal na derivação imprópria? Ela nos mostra que a realidade não pode ser retalhada e os pedaços, enfiados numa caixinha fechada. É por isso que eu não a considero imprópria coisa nenhuma.

Voltando aos verbos, estávamos falando também que são eles que dão vida ao mundo inerte dos substantivos. No infinitivo impessoal, encontram-se em sua forma mais pura. Isso é muito bonito, já que é um verbo em sua essência! Mas, se você já teve um professor que te obrigou a decorar uma "lista de casos" onde os verbos no infinitivo podem/devem ou não ser flexionados, eu sinceramente sinto muito por você!

Falando sério: é maravilhoso que existam essas listas e dicionários e coisas assim para que a gente possa ter uma fonte de consulta quando necessário. Mas decorar, caso a caso, dentro de uma vastidão de casos tão infinitamente grande como a nossa língua? Para que, se a nossa língua é tão viva?

Vou dar um exemplo: "Ele veio para tomar um café", estou usando um verbo no infinitivo impessoal e a frase está ótima, compreensível e tudo mais. Agora, se eu disser: "Ele trouxe as moças para tomar um café", não fica parecendo que ele é quem vai tomar o café, e não elas? "Ele trouxe as moças para tomarem um café" fica melhor, você não acha?

Para mim, é muito simples: às vezes a gente flexiona o infinitivo e ele se torna pessoal, às vezes não, tudo depende da frase, do contexto, do quanto a gente quer enfatizar isso ou aquilo... e essa prática a gente adquire lendo, escrevendo, falando e ouvindo, como tenho sempre ressaltado em nossas conversas. Já viu uma criança aprendendo a conjugar verbos?

E já que estamos falando de tudo isso, vamos falar de conjugação de verbos amanhã? Um abraço e até lá!


 
 
 

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